22 de abril de 2015

São do Bayern desde pequeninos.

O meu avô jogou à bola. Jogou à bola a sério, numa altura em que o futebol era, acima de tudo, um prazer. Ganhava-se pouco a comparar com os dias de hoje. Viviam-se as emoções de forma mais descontraída. Jogava-se e ganhava-se (ou perdia-se) sem grandes confusões ou desatinos. A culpa não era do árbitro. 
Não por influências do meu avô, sou do futebol clube do porto. Podia ser de qualquer outro clube, assim como poderia votar num partido diferente daquele em que voto. Mas não sou. 
Vivo o futebol à minha maneira. Não percebo a cem por cento de bola, nunca aprendi nem percebi muitas coisas mas gosto de um bom desafio. Gosto de ver o meu clube ganhar, sinto um aperto no coração quando assim tem de ser. Não sou fanática, nem quero ser.

O futebol, como qualquer outro desporto, é uma questão de respeito. Tal como na política ou no amor, não somos todos iguais e não gostamos todos do mesmo. Felizmente. Ainda assim há quem não perceba isso.

Nos dias seguintes a jogos importantes, o meu facebook fica insuportável. Há pessoas a discutirem a lógica da batata, como se estivessemos a salvar crianças da fome ou golfinhos das redes. Agridem-se, insultam-se e são os reis das ofensas verbais via internet. Há de tudo: quem saiba gozar, quem mande piadas inteligentes, quem seja desagradável, quem ache que tem graça, quem seja mesmo só estúpido e quem tenha nascido do Bayern. 
Ontem passou a amar-se a Alemanha, os alemães e até a Merkel. Para muitos, abençoadas as mães que pariram aqueles jogadores só por terem dado esta derrota ao FCP. Viva o Bayern, o Guardiola, o Thiago, o Boateng, o Xabi Alonso e todos os outros. 

Reconheço (e creio que reconhecemos todos) que não foi um jogo brilhante. De forma alguma. Foi mau, estivemos mal e ia jurar que houve ali uma altura em que fomos todos beber uma jola e depois voltámos para o relvado. Eles foram brilhantes. Souberam fazer tudo bem, estudaram a lição. Ainda assim, um momento mau não faz uma vida. E todos os outros deviam saber isso.

O meu avô jogou à bola e sei que se fosse vivo via estes jogos comigo como amante de futebol e não como adepto de outro clube. E eu acredito que é possível ver o futebol sem dar murros, encher o facebook de comentários de revolta ou dar cinquenta gargalhadas maléficas quando se chega ao trabalho e está lá um colega para chatear com isto.

Fomos (e somos) muitas vezes bestiais. E só quem não sabe viver o desporto, pode vir dizer que agora somos bestas.

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