9 de dezembro de 2014

a minha amizade mais pura

não me lembro se alguma vez escrevi aqui sobre a minha amizade mais pura. Se o fiz, nunca é demais repetir. Se não, foi uma grande falha. 
Dizem que os amigos são a família que escolhemos. É verdade. Infelizmente, mas como todas as famílias, às vezes a coisa corre mal. Felizmente, há famílias que são tão unidas que pouco ou nada as destrói. 
De todos os meus amigos, que adoro do fundo do coração, há uma amizade na minha vida que é única. 

Conheço a Marta desde os cinco anos. Parece que não mas hoje temos vinte e um. Parece que não mas já lá vai uma vida. Quando nos conhecemos a Marta tinha um cabelo muito loiro, um ar tímido e uma pele branquinha. A pele branca continua lá, o ar tímido também não se foi embora. Só o cabelo mudou de cor. Lembro-me dela na escola, em minha casa, na casa dos avós dela e em tantos outros sítios para onde a vida nos levou. A Marta é a irmã que nunca tive. 
Passámos muitas, mesmo muitas horas juntas. Brincámos até nos fartarmos, tivemos grandes fins-de-semana, vimos muitos filmes, trocámos muitas prendas e até fomos ao concerto dos D'zrt (o que não é um motivo de orgulho. para nenhuma). Nunca nos separávamos. E até hoje nunca nos separámos.
A nossa vida tem dado muitas voltas diferentes. Tão diferentes quanto os nossos feitios, gostos ou sonhos. Não ouvimos a mesma música, não gostamos das mesmas cores, não vemos os mesmos filmes, não partilhamos o clube de futebol, não temos jeito para as mesmas coisas. Não comemos o mesmo, não queremos chegar aos mesmos lugares. Não vemos a vida da mesma maneira, não vestimos a mesma roupa, não partilhamos os mesmos amigos. Creio que é por isso que continuamos a manter a mesma amizade de sempre. Não nos atropelamos, não queremos estar acima uma da outra. Eu não a critico (excepto quando é mesmo obrigatório) e ela não o faz comigo (com excepção das mesmas situações). E no meio de tantos nãos afinal o que partilhamos? Tudo o que importa. Partilhamos histórias, segredos, conversas e sorrisos. Não falamos todos os dias mas todos os dias nos lembramos uma da outra. E quando nos voltamos a ver é como se só tivessem passado cinco minutos, mesmo que tenham sido cinco meses. 
É por isto que a Marta é a minha amizade mais pura. Porque eu sei que posso estar na outra ponta do mundo que vou sempre poder contar com ela. E ela comigo. Porque, se um dia não podermos estar juntas nas datas mais importantes das nossas vidas vamos ficar tristes mas vamos entender os porquês. 
Podia encher este blogue com as nossas histórias. Podia escrever um livro sobre todos estes anos. Não quero. Há coisas que são só nossas. Contá-las ao mundo é retirar-lhes a magia. 
Só quero dizer que gosto muito da Marta. E que hoje ela não faz anos, não é Natal e não aconteceu nada de importante mas que todos os dias são bons para dizer estas coisas.


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