27 de dezembro de 2014

escrevo antes de 2014 acabar porque, por mim, acabava agora

Chegou a hora de mudar de vida. Na verdade, ainda faltam uns dias e é só quando derem as doze badaladas mas, para mim, podia ser já. No facebook toda a gente teve um ano espectacular, reduzido a meia dúzia de fotografias com amigos. Escrevem-se as últimas palavras, deixam-se os últimos avisos. Agora é que vai ser. Gosto do poder que o último dia de cada ano tem em cada um de nós. Há uma magia um pouco sinistra, uma certeza inabalável de que vai mudar tudo.

2014 não foi o meu ano. Ou talvez tenha sido porque todos os anos são nossos desde que sejam vividos. Foi um ano apático, cheio de momentos que tinham tudo para ser grandes, gigantes, com dez metros de altura. Ficaram-se pelos dez centímetros. foi o ano das saudades, das lágrimas e dos fins que custaram muito a serem transformados em recomeços. Em que caí tantas e tantas vezes, que ainda me dói o lombo de ter ido ao chão. Tive, muitas vezes, a sorte de existirem mãos para me puxarem. 
Acabei a minha licenciatura e fiquei sem palavras ao perceber que esses três anos passaram assim, sem mais nem menos, sem darem um sinal de que era melhor aproveitar porque tudo o que é bom acaba depressa. 
Este fim trouxe-me o silêncio. A apatia, a falta de força de vontade. Em 2014 deixei de acreditar em mim. Mais vezes do que devia, menos do que esperava. As certezas caíram por terra, os sonhos pareceram mais distantes que as estrelas. 
Tive medo. De não ser capaz, da inutilidade, da espera, do amor, da amizade, do mundo. Tive medo (e ainda tenho) de perder (as minhas) pessoas, de não conseguir endireitar o (meu) mundo. Em 2014 foram mais as perguntas que as respostas.
Perdi amigos. Duvidei, por tantas e tantas vezes, de quem só queria o melhor para mim. Preocupei-me mais com o que pensavam de mim, do que comigo.
Apesar de tudo, fiz uma viagem, voltei a andar de avião, comprei os presentes de Natal com o meu dinheiro. Fiz vinte e um anos. Descobri as maravilhas do desporto e aprendi a gostar de sushi. 

Só posso pedir que 2015 seja milhões de vezes melhor. Para não matar o cliché, quero que seja o ano das resoluções. Em dois mil e quinze quero tatuar o meu lema de vida. Aquele em que preciso sempre, sempre, sempre de acreditar. Quero deixar de ter medo da dor. Quero aprender a viver com a saudade de quem já não volta mais. Quero viajar e respirar fundo. 
E acreditar em mim. Outra vez, como dantes. 

Se me virem fazer o contrário, lembrem-me que está aqui escrito. As palavras servem sempre como promessa.

Sem comentários:

Enviar um comentário