26 de novembro de 2014

até que fico um pouco triste

Tenho acompanhado de perto o caso Sócrates. Não de uma perspectiva seu gatuno, malandro, aldrabão, devias era morrer na prisão mas sim numa perspectiva de quem acredita na justiça e na verdade. Já li muitas reflexões acerca deste tema e sei que não acrescentarei nada nem nenhuma ideia. Apenas reforço e manifesto a minha tristeza pelo que tem sido feito.
Não faço juízos de valor acerca deste caso. Não é da minha conta, nem tenho dados suficientes para o fazer. É por isso, meus caros, que cada um tem um papel diferente neste mundo. Que nem todos somos advogados, juízes ou até mesmo políticos. Mas também é certo que nem todos somos jornalistas. Uns porque não querem, outros (como eu) porque a vida os desviou. Depois, ainda há outro grupo: o dos que são mas não o deveriam ser.
Casos como este merecem, acima de atenção, respeito. Merecem a procura da verdade, a confirmação dos factos. Merecem ser tratados com a seriedade que lhes é imposta. É grave, muito grave e por isso não pode ser transformado num circo. Não somos palhaços e muito menos animais. 
O público não merece que a informação que lhes é dada seja superficial, mesquinha e pouco relevante. 
Um jornalista é alguém capaz de informar o público, isento de opinião. Ou melhor, isento de opinião enquanto trabalha. É alguém capaz de falar de factos. E factos não são suposições. Factos não são ideias. Um jornalista é um profissional que se rege por um código, uma conduta. Não é um idiota que é pago para mandar três postas de pescada para o ar sobre o assunto. Não é alguém que escreve, e passo a citar: "o mais famoso recluso do país, paladar acostumado às estrelas Michelin (...) Vai estranhar a falta do vinho de cara cepa que tanto aprecia" e todas as outras frases idiotas que são escritas por este senhor.
Não consigo perceber nem aceitar este novo jornalismo que invade os meios de comunicação. Já ninguém é capaz de falar do que realmente importa porque o que vende é a estupidez. O que vende é o drama, o horror e a conversa de casa de banho.  Mais do que uma falta de respeito pelas pessoas que merecem informação de qualidade, é a falta de respeito pela profissão. E, no fundo, é isso que me entristece. É este mundo mesquinho em que todos vendem tudo, incluindo a dignidade. 

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