13 de março de 2014

vou criar o movimento dos fininhos

Ou então não, mas fica aqui a dica. 
Já aqui referi várias vezes que sou um palito. Já levei isto a sério, agora estou a deixar-me disso. Já fui estupidamente frustrada com o meu não-peso mas depois achei que já chegava de considerar isso uma desgraça. Teoricamente não tenho o peso indicado para a minha altura. Teoricamente não sou uma pessoa saudável. Ainda teoricamente sou uma quase-doente. 
Tenho 20 anos e desde que me lembro que oiço bocas e boquinhas sobre o meu não-peso. Há quem diga que vou voar, que passo nos intervalos da chuva, que qualquer dia desapareço e, até, que sou anorética. Já ouvi de tudo, já fui a "olivía palito", a magricelas, a magrinha, a isto e aquilo. Provavelmente, para alguns ainda sou. Levei muito a peito estas coisas. Sentia-me mal, não gostava do meu aspecto, levava a vida a ter idiotas a agarrarem no meu pulso para ver o quão fino era. 
Faço a digestão em tempo recorde. Quem me conhece sabe que estou sempre com fome. Não como mal (no sentido de quantidade) e não sou esquisita com a comida. 
Houve uma altura em que estava tão chateada comigo que decidi que tinha que engordar. Assim, à bruta. Fui, para aí, a três nutricionistas diferentes. Fizeram-me planos e sentia-me sempre um porco na engorda. Horas certas para comer, sempre o mesmo tipo de alimentos, sempre cheia e aborrecida. Se engordei um quilo foi muito. Perdi qualquer tipo de confiança em nutricionistas (mas gostava de a recuperar). Nunca consegui sentir-me bem com estes planos e exigências. 
Com o tempo deixei-me de chatices. Comecei a ignorar, aos poucos, os comentários idiotas e desagradáveis. A levar na brincadeira e a dar resposta. 
Depois [como já disse aqui] fui para o ginásio. Perguntaram-me se queria desaparecer, que até podia comer Mc Donalds todos os dias que estava na boa. Não posso comprar uma revista - daquelas de senhoras - porque são cem páginas sobre emagrecer.
Por isso, podia criar este movimento. O movimento das pessoas que são magrinhas por condição. E que sabem ou querem saber comer bem e saudável mesmo sendo assim. Que não querem ir ao Mc Donalds todos os dias porque isso não traz saúde a ninguém. Que querem uma mísera página de revista que diga outra coisa para além daquilo que é preciso para emagrecer. Que querem alguém que lhes explique a melhor maneira de estar e de comer sem terem que se sentir porquinhos.

Podem achar que não, mas o movimento dos fininhos faz falta. Tenho a certeza que há por aí mais gente com o mesmo problema. Que no fundo, não é problema nenhum. É uma condição e pronto.

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