27 de fevereiro de 2014

eu também tenho um lado saudável

Quando era muito nova andei na ginástica. O nível de exigência era tal que acabei por querer desistir. Depois deixei de poder praticar natação por alergia ao cloro (e era uma coisa que me dava bastante gozo). O único contacto grande que tive com o desporto foram as minhas aulas de educação física que, como em muitas escolas, não eram as mais motivadoras nem interessantes. Até podiam ser mas para os rapazes que gostam de jogar futebol e para as raparigas que praticavam alguma coisa fora da escola. Já para as fracas e desajeitadas figuras (como eu) eram similares a uma tortura. Desceram-me a média do secundário, faziam-me ter ataques de fúria e fugir a sete pés das bolas que vinham a uma velocidade horrível direitas a mim. Era uma alegria estar constipada ou com uma dor qualquer e não conseguir fazer aula.
Sempre achei que não gostava de desporto, de me mexer. Aliás, sempre acreditei que não tinha jeito para nada. Que ia ser sempre "pessoa de sofá". Além disso sempre fui magra e nunca senti a necessidade de mexer para emagrecer. 
No segundo ano de faculdade vim morar para Lisboa e senti que precisava de fazer mais alguma coisa. Estava a tornar-me completamente sedentária e preguiçosa. Custava-me esticar as pernas, cansava-me de subir uma rua e não me sentia bem com o meu corpo. A magreza nem sempre é sinónimo de felicidade.
Inscrevi-me no ginásio do Colombo e ao início não foi nada fácil criar regras para ir. Os primeiros dias foram horríveis e tinha dores absolutamente insuportáveis. Primeiro fazia aulas de grupo, depois comecei a aventurar-me nas máquinas. O facto de estar a pagar todos os meses para poder usufruir daquele espaço foi, provavelmente, o maior incentivo para ir mais vezes. Para quem tem pouca força de vontade é difícil usar a técnica do "vou ali correr ao ar livre"... porque não vamos. 
Ao início tinha muitas desculpas para não ir: está a chover, estou cansada, está frio, está calor (...). Aos poucos fui introduzindo alguma disciplina na minha vida. Numa fase mais livre, cheguei a ir todos os dias. As diferenças que fui vendo no meu corpo e na minha forma de estar foram um grande incentivo para continuar. Já me sentia melhor. Menos cansada, mais resistente. 
O Verão foi o meu maior inimigo. Depois mudei de casa e o ginásio ficava demasiado longe. Quando finalmente consegui fui para outro. Quando se quebra uma rotina que deu tanto trabalho a construir o arranque pode ser difícil. Apesar de ter vontade de voltar foi difícil encontrar de novo a motivação. Encontrei-a no meu estado de espírito. Estava menos paciente, mais cansada (outra vez) e o meu corpo dava sinais de que era preciso voltar. 
Finalmente consegui voltar a disciplinar-me. Acordar (muito) cedo ou ir (muito) tarde tem sempre o seu quê de complicado. Não vale a pena dizer que não. Mas há uma vontade superior a isso. E, como em tudo, há resultados. Que demoram a ser totalmente visíveis mas que é fantástico reparar na forma como vão aparecendo. 
Continuo a ser magra e não utilizo o ginásio - como muita gente pensa - como uma maluca que quer ficar ainda pior. A diferença é que sou uma pessoa magra que aprendeu a gostar do que vê. Que tem um estado de espírito diferente e encara o exercício físico como uma ajuda. Física e psicológica. Além disso, como bem. Cada vez melhor (ser assim não significa que possa ir ao Mc Donalds todos os dias).
Como em tudo, estas regras que se impõem dependem - em muito - dos objectivos que traçamos para nós próprios. E da boa disposição que temos que colocar em tudo.


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