6 de dezembro de 2013

Às vezes, muitas vezes.

Às vezes (muitas vezes) lembro-me de ti. Ainda no outro dia quando fui a uma escola de condução ver se me inscrevia me lembrei de ti. Lembro-me de ti quando estou a ver a bola na televisão, quando falam do Sporting e eu penso que hoje podíamos ser tão felizes e ver um bom jogo juntos. Lembro-me de ti quando vou ao ginásio e penso que devias ficar orgulhoso por agora fazer desporto. Em algumas das vezes que me lembro, chego a acreditar que me vês. Que me ouves.
Esta semana voltei a lembrar-me muitas vezes de ti, no meio de todas as adversidades da vida. Acho que nós, pessoas, somos demasiado egoístas enquanto cá estamos. Vi pessoas a implicarem porque não as deixaram passar à frente no trânsito. Ouvi buzinas e insultos porque alguém não avançou logo que o sinal ficou verde. Fui empurrada por uma senhora no autocarro porque dizia que ninguém podia passar à frente dela. Ouvi um motorista ser mal educado para uma pessoa de idade. Vi pessoas a discutirem por papéis no chão e loiça por arrumar. E lembrei-me sempre de ti.
Achas que as pessoas sabem que a qualquer momento podem ir para onde foste? Achas que se lembram? Achas que as pessoas sabem que não duram para sempre? Que guardam rancores por coisas que não merecem um segundo de atenção?
Aprendi, com a tua ausência, a inferiorizar determinadas situações. Coisas do quotidiano, parvoíces.
Sei que ocupamos demasiado tempo com problemas que não existem e, no fundo, o nosso maior problema é um dia já não termos tempo. E aí, já não vai importar se demorámos mais dois segundos a chegar ao destino, se entraram antes de nós no autocarro ou se estava loiça por arrumar.
Sabes, vou continuar a lembrar-me sempre de ti. Porque tenho a certeza que conseguiste ir sem nenhum rancor. E porque sei que mesmo sem estares aqui, consegues ter sempre alguma coisa para me ensinar.

Sem comentários:

Enviar um comentário