4 de setembro de 2013

Eu disse que vos falava dele

Há várias razões para o mundo ser uma gaiola de loucos. Toda a vida lidei com animais, toda a vida os protegi. Sou da opinião que todos são essenciais a um mundo melhor ou, pelo menos, a um mundo mais correcto. Mais feliz. Tive o meu primeiro cão quando ainda era muito nova. Era o Pluto e desapareceu. Foi talvez das maiores angústias da minha vida. O Pluto era um amigo. Tirava a roupa da corda, fazia disparates, saltava muros e ia buscar sacos do lixo para o quintal... mas era o melhor amigo que podia ter. Depois dele disse que já não queria mais nenhum, até aparecer o Bart. O Bart é rafeiro cruzado de labrador. Cresceu mais do que se esperava, deita mais pelos do que se esperava, rouba comida, quase que me derruba quando me vê mas o Bart, à semelhança do Pluto é o melhor amigo que podia ter. Quando ele veio para cá era para ser "filho único". E foi, durante muito tempo. Depois apareceu o Mozart. O Mozart é um rafeiro pequenino que faz lembrar uma raposa. Deve ter sido abandonado e quando apareceu aqui à porta de casa estava sujo e cheio de carraças. Tinha receio das pessoas. Tentámos que alguém ficasse com ele mas acho que o amor já era demasiado para deixá-lo ir. Hoje o Mozart é, juntamente com o Bart, o melhor amigo que podia ter. No meio disto tudo também houve uma gata, a Tareca, que vivia uma vida de cão... no bom sentido da palavra, claro!
Como vos disse, há várias razões para o mundo ser uma gaiola de loucos. Infelizmente. E o facto de existirem demasiados loucos faz com que tenham de existir associações como a União Zoófila. Associações que recebem e ajudam cães e gatos abandonados. Abandonados pelos loucos deste mundo. Por aqueles que não sabem ou não querem saber o quão bom e gratificante é ter um amigo destes connosco. Amigos que não falam mas que nos percebem, às vezes, melhor que ninguém.
Como tudo na vida, eles dão trabalho. Custam a ensinar, a tratar, precisam de comer e de cuidados médicos. Como tudo na vida, eles exigem tempo. Dedicação. No mínimo dos mínimos, merecem que os tratemos bem.
O mês passado descobri a possibilidade de apadrinhar um animal através da União Zoófila. Não podia adoptar porque, por muito que queira, o espaço cá em casa não estica. Mas havia outras maneiras de ajudar.
Apadrinhar é uma responsabilidade. Exige um pouco do nosso tempo, da nossa paciência, retirar uma hora à sesta ou a outra coisa qualquer. Apadrinhar exige a noção de que, a partir daquele momento, estamos a ajudar nas necessidades básicas do nosso afilhado. Exige uma avença mensal que permite fazer face a alguns gastos.
Quando fui à UZ a semana passada ia sem qualquer exigência. Apresentaram-me o Barry White, um rafeiro já com alguma idade, preto e branco que precisava muito de uma madrinha. E pronto, foi logo dizer que sim! Já fiz duas visitas ao Barry e depois da terceira já o poderei levar à rua para passear. O Barry é irrequieto mas cansa-se depressa. Não gosta de fotografias por isso esta é a melhor que tenho, por agora.
Até ser adoptado ou até ao final da vida dele (se ninguém o quiser levar para uma casa fantástica) serei madrinha dele.
Quanto à UZ, é incrível o trabalho de todas aquelas pessoas. A dedicação e a forma como tratam os animais. Como os conhecem mesmo sendo tantos. Como se preocupam com eles. Destes loucos... dos loucos por ajudar, vale a pena ter no mundo.

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