19 de janeiro de 2015

Pouca coisa. Às vezes, nada.

Pouca coisa me faz mais feliz do que escrever. Escrevo isto, vezes sem conta, quando preciso de enviar uma carta de apresentação ou um e-mail que explique porque estou motivada a fazer um trabalho. E é verdade. Nunca menti a este respeito.
Desde que lembro que tenho diários. Primeiro em papel, onde cuspia os meus desabafos de pré-adolescente. Depois, também em papel onde falei das grandes paixões da minha vida. E sobre o que vem depois da paixão.
Escrever é, para mim, um acto quase inconsciente. Quase irracional. No geral, não preciso de pensar muito e as palavras saem naturalmente. Escrever é especialmente fácil quando existe tema para isso. E, verdade das verdades, é mais fácil escrever quando estou triste. Sempre foi, mesmo desde os meus tempos cheios de paixões. Normalmente, escrevia quando alguma coisa não estava bem. Hoje, continua a ser assim. 

Escrever como trabalho é diferente de escrever porque sim. Exige uma obrigatoriedade um pouco triste, que nos obriga a levar o nosso pensamento para um lugar onde não estamos habituados a estar. Exige horários, temas, personagens, sentimentos programados. Exige que nos imaginemos felizes quando estamos tristes, ou vice-versa. E quando se trabalha escrevendo, ou quando se escreve trabalhando é difícil encontrar vontade em todos os momentos que os outros precisam dela. 
Durante muito tempo deixei de ter diários em papel. Hoje, tenho este espaço de que preciso e ao qual recorro quando sinto necessidade de me distanciar da escrita obrigatória. 
E é só assim que o imagino e só assim que faz sentido existir. 

Escrever por obrigação pode ser uma situação complicada. Não que seja má, nada disso. Mas que nem sempre corre bem e que me leva a acreditar que afinal não sou assim tão boa nessa arte.
Depois volto aqui. E o que parecia difícil volta a ser feito de forma inconsciente. O que parecia ter de ser perfeito, volta a ser sempre normal. 
Pouca coisa me faz mais feliz do que escrever. Às vezes, nada. 

Sem comentários:

Enviar um comentário