Pouca coisa me faz mais feliz do que escrever. Escrevo isto, vezes sem conta, quando preciso de enviar uma carta de apresentação ou um e-mail que explique porque estou motivada a fazer um trabalho. E é verdade. Nunca menti a este respeito.
Desde que lembro que tenho diários. Primeiro em papel, onde cuspia os meus desabafos de pré-adolescente. Depois, também em papel onde falei das grandes paixões da minha vida. E sobre o que vem depois da paixão.
Escrever é, para mim, um acto quase inconsciente. Quase irracional. No geral, não preciso de pensar muito e as palavras saem naturalmente. Escrever é especialmente fácil quando existe tema para isso. E, verdade das verdades, é mais fácil escrever quando estou triste. Sempre foi, mesmo desde os meus tempos cheios de paixões. Normalmente, escrevia quando alguma coisa não estava bem. Hoje, continua a ser assim.
Escrever como trabalho é diferente de escrever porque sim. Exige uma obrigatoriedade um pouco triste, que nos obriga a levar o nosso pensamento para um lugar onde não estamos habituados a estar. Exige horários, temas, personagens, sentimentos programados. Exige que nos imaginemos felizes quando estamos tristes, ou vice-versa. E quando se trabalha escrevendo, ou quando se escreve trabalhando é difícil encontrar vontade em todos os momentos que os outros precisam dela.
Durante muito tempo deixei de ter diários em papel. Hoje, tenho este espaço de que preciso e ao qual recorro quando sinto necessidade de me distanciar da escrita obrigatória.
E é só assim que o imagino e só assim que faz sentido existir.
Escrever por obrigação pode ser uma situação complicada. Não que seja má, nada disso. Mas que nem sempre corre bem e que me leva a acreditar que afinal não sou assim tão boa nessa arte.
Depois volto aqui. E o que parecia difícil volta a ser feito de forma inconsciente. O que parecia ter de ser perfeito, volta a ser sempre normal.
Pouca coisa me faz mais feliz do que escrever. Às vezes, nada.
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