25 de abril de 2014

este dia de que falamos tanto

faz 40 anos da nossa revolução de abril. digo nossa, porque mesmo que não queiramos, é deste país e será sempre um pouco de todos nós. não a vivi e aquilo que sei é o que me contam ou o que aprendi no secundário. sempre achei que os livros eram muito imperfeitos nestas coisas e só serviam para vangloriar pessoas e fazer de coisas pequenas, grandes coisas. nos livros diz que foi o dia da liberdade, dos cravos, de sair à rua e recuperar aquilo que a ditadura havia suprimido.
a minha avó diz que muitas coisas não eram tão lineares. que a revolução veio beneficiar mais o sector político do que o cidadão comum, que se quis tudo de forma exagerada e agora "estamos como estamos". que foi tudo em exagero. que naquela altura podia não existir liberdade política mas existiam valores que agora se vão perdendo. eu não sei, não vivi.
sei que hoje estão pessoas ditas importantes a discursar sobre este dia, de boca cheia. que se fazem grandes cerimónias cheias de pompa e circunstância. que se canta o hino [ou finge-se]. sei que fizeram entrevistas de rua e que ainda há por aí muitos portugueses que não fazem ideia do que foi o 25 de abril. porque, no fundo, cada um o viveu à sua maneira e não creio que exista uma perspectiva totalmente certa. sei que hoje se fala em liberdade como se isso fosse simples, banal. cospe-se liberdade e, afinal, andamos todos a falar em sentidos diferentes. 
sei que há revolta. porque se acha sempre que os nossos feitos perduram eternamente, que os tempos não avançam e que as lutas são eternas. é mentira. 
honestamente, não sei falar mais sobre este dia. porque julgo que cada vez vamos ter mais problemas em entendê-lo. 
respeito-o, nos meus míseros vinte anos.

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