4 de outubro de 2013

Diz que hoje é o dia deles.

Fazem-se dias para tudo. Celebra-se tudo. Há o dia do amigo, do ex-amigo, do fumador, do que já fumou mas agora não, do avô, da avó, da mãe, do pai, do irmão, da tia, do sobrinho, do vizinho, da criança, do adolescente, do ambiente, da estrada, disto e daquilo. E também há o dia mundial do animal. Ao que parece (eu nunca estou a par destas coisas), este dia celebra-se hoje.
Sou da opinião que todos os dias são dias de toda a gente, de todas as coisas. Desde que gostemos delas, que lhes demos valor, os dias são todos iguais. Os meus pais merecem ser bem tratados todos os dias, a minha avó também. Os meus vizinhos não deixam de o ser nos outros dias do ano. As crianças são importantes 365 dias. O ambiente deve ser respeitado a todas as horas. Os animais merecem ser felizes todos os momentos da vida deles. Mais do que isso, acho que todos os dias devíamos apostar em divulgar, mimar e respeitar todas estas causas.
Hoje, tal como nas Sextas que passaram e nas que virão, fui à União Zoófila visitar e passear o Barry. Quem diz que eles não sentem e que não percebem o que se passa à volta deles é, talvez, o maior idiota de todos. Eles presentem o perigo, a maldade, sabem quem são as pessoas que os tratam bem e aquelas que os odeiam. A única coisa que podem não saber é o porquê. O Barry, por exemplo, não sabe o porquê de ter acabado ali. Ao lado de centenas de cães, como ele. Os companheiros da sua Ala, todos os outros, os mais de 200 gatos nunca vão perceber porque é que já tiveram uma casa e uma família só para eles e agora partilham o espaço com tantos iguais. Ou porque é que os rejeitaram.
Se foi porque deitavam muitos pelos, nunca vão entender qual o mal de fazer algo que é natural. Se foi por roerem os móveis ou estragarem os sapatos, nunca vão compreender porque é que os seus donos não se riram da situação. Se foi por falta de tempo, nunca saberão porque é que ninguém quis dedicar cinco minutos a fazer-lhes festas.
O Barry chegou tão mal tratado à União que mais parecia um farrapo. Outros amigos do Barry também. De vez em quando, cruzo-me com um ou outro que ainda tem o medo estampado no focinho. Outras vezes, com alguns que têm uma vontade imensa de viver e de ter alguém que goste deles.
Animais como o Barry ou como os seus companheiros podem agradecer (e agradecem, à maneira deles) aos voluntários que os adoram como se fossem seus. Só não os podem levar para casa, mas vão até à casa deles para os fazer sorrir - à maneira deles, claro. Eles continuam à espera da sua sorte mas, enquanto ela não chega, vão sendo mimados e cuidados por aqueles que mesmo na azáfama da vida não se importam de despender um pouco do seu tempo livre.
Animais como o Bart ou o Mozart (os reguilas lá de casa) agradecem todos os dias aos meus pais por cuidarem deles e recebem-me sempre com euforia quando volto a casa.
Já aqui disse que o Barry é o meu afilhado de quatro patas. Hoje fizemos um passeio comprido e estivemos a descansar quase meia hora à sombra. A alegria dele quando me vê é, para mim, muito superior à tristeza de quando me vê partir. Ele sabe que vou voltar. Ou pelo menos, tem esperança. E eu voltarei sempre. Se ele encontrar uma casa ficarei muito (mesmo muito) feliz. Se um dia o poder trazer comigo, também. Se ele tiver que passar o resto da sua vida ali, eu farei tudo para que se sinta bem.
Hoje deixei-lhe um presente. Não são só eles que nos têm que agradecer, nós também temos. Por serem tão nossos amigos, tão protectores. E porque se para ele é certamente um bom momento, para mim também.

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