28 de março de 2013

Ser "tuga"

Acabei de me dar ao trabalho de fazer uma pesquisa que me levasse às audiências de ontem à noite. Por mera curiosidade e, também, para confirmar as minhas expectativas.
A entrevista a José Sócrates que durou mais de uma hora e meia (deve ter sido a entrevista mais comprida desde que me lembro) foi, nada mais nada menos, que o programa mais visto ontem à noite. Foi, nada mais nada menos, que o programa que conseguiu tirar audiências às novelas dos canais privados.
Ora, isto leva-me a uma conclusão. A de que isto é mesmo uma coisa "à tuga". Levaram o tempo todo a queixar-se, a dizer que era incompreensível este senhor ser comentador político, ainda por cima num canal público, andou-se para aí a dizer que o homem era um gatuno, um malandro, um aldrabão que nos deixou na miséria... mas no fim disto tudo, uma média de um milhão e tal (um tal muito avançado) de portugueses estavam colados à televisão, a dar audiências à RTP, a ouvir os comentários egocêntricos de José Sócrates e muito mas mesmo muito provavelmente, a apontarem o dedo ao ecrã da televisão e a chamarem nomes ao homem. Como se fosse isso o mais correcto, como se estarmos sentados a ser "mais um" a ver a entrevista o fosse tirar daquela cadeira, como se fosse desta maneira que se pode impedir a continuação destes "comentários" políticos.
Às vezes somos mesmo um povo complicado, estranho... Que parece que gosta de sofrer, que adora dizer mal, massacrar mas que no fim, adora compactuar com todos estes acontecimentos. Somos um povo que gosta de mandar postas de pescada mas que se fica por aí. Não se sabe lidar com as coisas, não se sabe reagir.
Tenho cá para mim que até somos bastante previsíveis. No final, só fizemos aquilo que todos estavam à espera que fizéssemos. Ajudar nas audiências, ajudar a que esta voz tenha poder independentemente de todas as críticas. Até podemos ter perdido um beijo escaldante entre a Nandinha e o Lourenço ou o reencontro da Margarida e do Duarte na TVI ou uma desgraça qualquer no Dancin Days... mas não interessa. Fez-se aquilo que, vistas bem as coisas, acaba sempre por ser feito.

Sem comentários:

Enviar um comentário