Gostar de alguém é isto. E é outras cenas também mas por agora já chega.
20 de março de 2013
Gostar de alguém é...
Nunca achei grande graça às histórias românticas tradicionais. Àqueles casais fatelas e aborrecidos que passam a vida sentados no banco de jardim aos beijos, que andam sempre de mão dada, que não conhecem outras formas de tratamento a não ser "amorzinho" ou "ursinho". Sempre desconfiei daqueles namorados que não são capazes de ter uma conversa para além do tradicional "amo-te e vamos ser mega-hiper-super felizes para sempre. Os nossos filhos vão ser o Manuel e a Francisca e vamos ter uma casa com vista para o mar." Não por achar que as pessoas não devem ser felizes, mas por defender que ser feliz é mais do que passar a vida inteira a concordar com a outra pessoa. Conheço diversos casos de pessoas que nunca se criticaram uma à outra, nunca foram para lá do óbvio, do ponto de conforto, das palavras simpáticas, do "gosto de ti como és e não mudava nada". Oh, deixem-se de tretas! Mudavam sempre qualquer coisa. E não tão pequena ou insignificante como podem querer fazer acreditar. Gostar de alguém, estar apaixonado por alguém é precisamente ter a coragem e o discernimento de ir mais longe, de dizer "estás a ficar gordo e é bom que faças dieta!". Sem ofensa, sem qualquer maldade. Por gostarmos, simplesmente. Gostar de alguém é dizer ao outro que está errado, que às vezes é um chato de primeira, um idiota e que não tinha nada que fazer aquilo daquela maneira. Não é aceitar tudo o que acontece. Gostar de alguém é dar um murro na mesa quando ficamos ofendidos com alguma coisa, é por os pontos nos i's mesmo que isso doa, é aceitar que o outro às vezes é uma granda melga mas que mesmo assim se ia até ao fim do mundo por ele. Porque todos temos um quê de melgas, de idiotas chapados, de ciumentos compulsivos... e mesmo que seja por amarmos, por gostarmos, é preciso emendar, é preciso chamar à atenção. E é preciso brincar, sem termos medo de ofender. É preciso ter a cumplicidade para chamarmos "meu grande atrasado" enquanto fazemos ver que alguma coisa está errada, da mesma forma que se tem cumplicidade para chamar de "amor".
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário