12 de dezembro de 2012

Sobre uma cidade que não é minha mas bem que podia ser.

Não sou de Lisboa. Aliás, a bem dizer, nasci e cresci relativamente perto mas sem ter nada que ver. Nasci num daqueles sítios que agora, com a história das auto-estradas por todo o lado, se chega lá em meia horita mas quando se chega parece logo que se mudou de planeta. Não deixa de ser a minha terra e eu até que não deixo de gostar dela. É calma, as horas passam devagarinho, os cafés são sempre ponto de encontro de gente conhecida e merecem logo uns dez minutos de cumprimentos e larguras a cada mesa, chega-se rápido a todo o lado e nem é preciso carro e aos domingos é como se fosse um deserto com um carro a passar de meia em meia hora e as ruas vazias a não ser que seja hora de missa. A minha terra é, portanto, daqueles lugares em que toda a gente sabe da vida de toda a gente, em que as amigas da avó sabem sempre onde nós vamos e onde os pais sabem das nossas situações mais ou menos embaraçosas ainda antes delas acontecerem. 
Mas ora, sempre quis viver num sítio maior, numa cidade, no local onde pudesse passar despercebida se me apetecesse. Vinha a Lisboa naquelas ocasiões especiais como as idas ao médico, ao centro comercial ou então quando chateava a minha mãe para irmos passear à Baixa. E lá vínhamos nós enfiadas no autocarro feitas turistas para a capital.
Apaixonei-me realmente por Lisboa quando vim para a faculdade. Devo ter pensado cá para mim "bolas, isto é mesmo bonito!" E agora que passo mais tempo cá do que lá deixem-me dizer que estou capaz de permanecer por aqui. Lisboa dá-me vontade de me mudar de armas e bagagens. Lisboa dá-me vontade de assentar e ter um sítio só para mim. 
Gosto do barulho, gosto da confusão, gosto dos semáforos, gosto das luzes, gosto das lojas que ficam no meio das ruas estreitas e bonitas, gosto dessas ruas, gosto do cheiro a castanhas no outono, gosto do espírito do Natal, gosto de não conhecer as pessoas e de não gastar os dez minutos de cumprimentos e larguras em cada mesa de café. E pronto, e gosto. É isto. Gosto e quero cá ficar. Mas também quero lá ir, pois claro. 

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